CENTRO MULTIDISCIPLINAR UFRJ – MACAÉ

Setembro amarelo: Pet-Saúde Macaé apresenta as principais reflexões de encontros sobre Burnout

Em atenção a campanha de Setembro Amarelo, o programa PET-Saúde: Equidade em Macaé, através do Grupo G3, realizou dois encontros junto aos trabalhadores da Saúde para falar a respeito da Síndrome de Burnout, uma alteração de cunho psíquico que está relacionado ao esgotamento profissional físico e mental.

Na ocasião  os eventos foram realizados no Hospital Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva e no CAPS Betinho. Os psicólogos Willian Ribeiro Eloy e Nathalie Maria Gil Rocha foram os convidados para conduzir o tema e intermediar as discussões sobre o assunto. 

Os encontros aconteceram no formato de uma roda de conversa e foi marcado pela troca de ideias, diálogos sobre o tema e abordagens sobre as realidades e dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho, burocracias no sistema, ausência de incentivo para promoção à saúde dos trabalhadores, entre outros assuntos.

Durante o evento, as trabalhadoras presentes comentaram como as condições passadas no ambiente de trabalho refletiram,  inclusive, em fases da vida. Foi o caso da fisioterapeuta, J.M., 42 anos, na qual relatou que estava gestante quando desenvolveu crise de ansiedade devido às condições de trabalho e, posteriormente, observou que a criança manifestava os mesmos sintomas da mãe. Segundo a profissional, hoje o fato foi superado graças às terapias.

Na oportunidade, a psicóloga, que também é especialista em desenvolvimento infantil pela ChildBehavior Institute of Miami, Nathalie, analisou o assunto. “Muitas vezes os profissionais levam os problemas para casa devido a responsabilidade e alta exigência de perfeição no trabalho. Com o tempo, de certa forma, acaba refletindo em alguém. Nesse caso, em idade escolar, a filha refletiu o que a mãe passou.  Acredita-se que pode ter ocorrido alguma influência no binômio mãe e filho ainda no período fetal”, refletiu. 

Atentos às informações, o psicólogo William, que também é mestrando em psicologia social pela USP e especialista em neurociência pela UFRJ, explica que o primeiro passo é reconhecer. “Quando a gente começa a dar além do que tem, exigir muito de si e não tem fator motivador em troca, vai dar abertura para adquirir Burnout. Por isso, é importante estar atento aos sinais, saber dizer não quando precisar, saber recuar e estar disposto a flexibilizar quando necessário”, orienta o psicólogo. 

Para alertar os participantes, a psicóloga Nathalie apontou algumas consequências da doença destacando a falta de atenção, alterações de memória, lentificação do pensamento, solidão,  impaciência, além de sintomas físicos como insônia, fadiga constante, tensão muscular, dores de cabeça, além de problemas gastrointestinais.

“Esses acometimentos que surgem colocam em risco o profissional de saúde e a execução de seu trabalho, pois requer muita atenção e concentração, sem contar na abertura de possibilidades para desencadeamento de outros fatores”, destaca.

A técnica em Enfermagem, V.S.S., 47 anos, se emocionou ao abordar sobre o assunto e relatou que as demandas e a dupla jornada  de trabalho somadas às questões de criar os filhos acaba fazendo com que ela se exija o tempo todo. “Eu me cobro muito para dar tempo de qualidade na vida dos meus filhos e às vezes não consigo. Na verdade, nem sempre tenho tempo para mim direito porque também preciso cumprir com minhas obrigações enquanto cidadã”, desabafou. 

Para motivar os participantes, William fez algumas orientações. “É importante ter espaços afetivos e um lugar de fala, assim como estamos fazendo. Saber que outras pessoas estão ali com você também é terapêutico. É como ser apoio. É dar às mãos uns aos outros. Também busque terapia, favoreça relações saudáveis, procure trabalhar sua auto estima”, orientou.

Em suas palavras, a coordenadora do grupo que organizou os eventos do PET-Saúde, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa, abriu espaço para que os participantes pudessem manifestar opiniões que atendessem suas demandas. “O eixo do programa é voltado para a Educação pelo Trabalho para a Saúde, pensando sempre no trabalhador e na trabalhadora do SUS. Por essa razão, estamos aqui, abertos também a sugestões para realizarmos atividades que promovam o fortalecimento de ações de integração e suporte à saúde mental dos profissionais ”, informou.

Antes de finalizar, a coordenadora fez agradecimentos. “Quero agradecer as portas que se abriram para realizarmos esses eventos, a presença de cada um, além de toda equipe do PET-Saúde Macaé, que não mediram esforços para que esses encontros acontecessem”, disse. 

Ao final os palestrantes convidados receberam brindes e todos degustaram os petiscos que foram oferecidos pela equipe do PET-Saúde Macaé.

BURNOUT – Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.  A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros.

PET-SAÚDE – Instituído pelas Portarias Interministeriais n° 421 e nº 422, de 03 de março de 2010, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é uma ação do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, conduzida pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), que visa à qualificação da integração ensino-serviço-comunidade, aprimorando, em serviço, o conhecimento dos profissionais da saúde, bem como dos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde.

O PET-Saúde tem como pressuposto a educação pelo trabalho, sendo um importante dispositivo, voltado para o fortalecimento das ações de integração ensino-serviço-comunidade, por meio de atividades que envolvem o ensino, a pesquisa, a extensão universitária e a participação social.

Em Macaé, é o resultado de uma parceria entre o Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé (CM UFRJ-Macaé), o Instituto de Ciências da Sociedade de Macaé (UFF-Macaé) e a Prefeitura Municipal de Macaé.